Olubajé: Banquete do Rei

Nzo Maza D’dandalunda Ixi Kavungo - São Paulo - Brasil
30 de agosto de 2025.

O Olubajé é mais que uma celebração, é um ritual de cura, reverência e reconexão com o sagrado.

Realizado em homenagem ao orixá Omulu, senhor das doenças e da saúde, o banquete ritualístico é uma oferenda coletiva que busca apaziguar, agradecer e renovar os laços com essa poderosa divindade.

Omulu, também conhecido como Obaluaiê, é o orixá que carrega em seu corpo as marcas da dor e da transformação. Coberto pela palha-da-costa, ele guarda os mistérios da vida e da morte, da enfermidade e da cura. Seu silêncio é profundo, e sua presença, muitas vezes temida, é também fonte de renascimento.

Entre os elementos mais simbólicos do Olubajé está a pipoca, chamada de deburu ou abadô nos rituais. Estourada preferencialmente na areia quente, ela representa a transmutação: do grão duro e fechado à explosão branca e leve. Dizem os itans (lendas africanas) que foi com pipocas que Iemanjá alimentou Omulu quando ele foi abandonado ainda criança, coberto de chagas. A pipoca, então, tornou-se alimento, cura e oferenda. É com ela que se acalma sua ira, se honra sua trajetória e se pede proteção.

Esse ensaio é um convite à contemplação do Olubajé, não apenas como festa, mas como expressão viva da ancestralidade, da fé e da beleza que floresce mesmo nas dores mais profundas.